Depois de há uns anos (ainda escuteiros no activo) termos feito o percurso de Barca d'Alva ao Pocinho pela linha do Douro entretanto abandonada, que o troço Barca D'Alva - La Fregeneda ficou no horizonte. Muitos projectos depois (alguns até com data marcada mas abortados pelo mau tempo) o 25 de Abril foi marcado e nem as previsões de chuva nos demoveram.
Uma aventura fantástica feita em família em que até a mamã Susana de 6 mesinhos não quis falhar. Partimos no fim-de-tarde de 24 com destino a Barca D'Alva e passagem por Almeida para aconchegar o estômago. Após o Jantar tempo para visitar Almeida e nada melhor que uma cachezita para desgastar. Como não marcámos devidamente o "Hotel", ao chegar já estava com lotação completa pelo que tivemos de procurar alternativas. Visitámos 4 ou 5 "albergues", mas nenhum reunia o consenso, até que encontrámos finalmente a nossa "suite" num local com vistas privilegiadas. O alpendre da desactivada escola primária, ainda assim, partilhada com a passarada aí residente. Depois do alívio era necessário "montar" as camas e por entre muita algazarra fazer os preparativos para a deita. Eram umas 02:00 da manhã quando finalmente fomos vencidos pelo cansaço e pelo sono, depois de um delicioso chá para os mais resistentes.
A madrugada veio a correr, e pelas 07:00 da manhã já imperava a boa disposição. Pequeno almoço tomado, paga a conta na recepção, mochilas às costas e pé na linha, com destino a Fregeneda. É pena o estado de abandono das antigas instalações da estação, (das mais importantes de Portugal na sua época) apeadeiros e pontes, após a sua desactivação em 1985, mas foi engraçado rodar a antiga plataforma ainda funcional que permitia voltar as locomotivas e/ou direccioná-las para as respectivas cochias onde eram reparadas. Passada a 1ª ponte e o 1º túnel, testados os nervos e os receio (principalmente das alturas) todos ficaram mais confiantes, mas depois os medos e suores voltaram pois as pontes seguintes encontram-se consideravelmente mais degradadas, com as passagens em madeira praticamente inutilizáveis tendo que se recorrer aos parcos 30 cm das vigas em aço. O percurso é fantástico, recheado de surpresas, mas sem dúvida a sequência de túneis e pontes depois do túnel nº 5 até ao final do nº 2 são os mais incríveis, com as águias a pairar lá no alto e o chão a dezenas de metros lá em baixo com o murmurar do Águeda como companhia e as pernitas já acostumadas às alturas. O túnel nº 6 tem uma abertura a meio que se assemelha à porta do paraíso, dali se desfrutando uma paisagem fantástica e uma paz profunda. Na memória fica a amizade e camaradagem, a brisa suave, o sol reconfortante, as vertigens ultrapassadas, o ninho da águia com o seu ovo, o voo das andorinhas das rochas, a enorme colónia de morcegos e o monte de excrementos na linha que atinge quase o metro de altura, um túnel interminável, a boa disposição e tantas outras coisas boas.
Este é um pequeno paraíso e uma magnífica obra de engenharia. Em 17 Km de linha existem 20 túneis, um dos quais com cerca de 1.700 metros, e 13 pontes, uma delas em curva e outra com cerca de 70/80 metros de altura. Pena é tudo isto estar abandonado e em elevado estado de degradação.
Ficam as fotos para mais tarde recordar (Clique para ver Slideshow - Fotos CMatos):
Os participantes: Carlos, Zeza, David, Marta, Sara, Lopes, Pedro, Susana, Vítor, Susana+"Joana", Tina, Paulo.
Um obrigado a todos, pela companhia, pela boa disposição, pela camaradagem e pelos bons momentos proporcionados. Fica a pergunta: Quando e onde a próxima aventura?
Etiquetas: Divulgação, Família, Património